CRUZEIRO
A Máquina Azul
Remontar o passado do Cruzeiro é esbarrar também em grandes conquistas; fato, inclusive, que muito serviu para projetar o futebol mineiro por todo o mundo.
Tendo nascido pequeno e modesto, tornou-se uma potência esportiva em poucos anos.
A gloriosa história do Cruzeiro, ‘A Máquina Azul’, ‘China Azul’, ou como querem que se digam, começa no dia 2 de janeiro de 1921, quando a colônia italiana de Minas Gerais funda o ‘Sociedade Sportiva Palestra Itália’, um clube que representaria a colônia em Belo Horizonte, visto que a colônia portuguesa também já tinha seu time, o Lusitano, que acabou não dando certo.
Vários sócios vieram do Yale, um dos primeiros clubes esportivos de Belo Horizonte. Na verdade, o Cruzeiro nasceu da crise política-administrativa do Yale Athletic Club (um dos primeiros clubes esportivos de BH, com sede no Bairro Preto, onde passou a funcionar o Fórum Milton Campos), em 1920, onde já militavam alguns imigrantes italianos, que a exemplo dos italianos de São Paulo, fundaram o Palestra Itália em 1914 (atual Palmeiras) – queriam que a colônia em Minas Gerais também tivesse o seu clube. Os sócios e jogadores do Yale gostavam de se reunir numa fábrica de calçados localizada no rua dos Caetés, chamada Ranieri Filho – discutiam resultados e atuações. A gota d'água para o fim do Yale foi a insatisfação de seus sócios e jogadores com a frágil estrutura do clube na época. O clube entrou em liquidação e os italianos decidiram por fim seguir o exemplo da colônia de São Paulo. Alguns jogadores pediram desligamento da equipe, o mesmo acontecendo com a maioria dos sócios.
No dia 20 de dezembro de 1920 quase 200 pessoas participaram da primeira reunião, que daria o nome ao Palestra, sendo então oficializada a decisão no dia 2 de janeiro de 1921, reunindo em uma só festa 250 integrantes da colônia italiana radicada em Belo Horizonte e seus familiares, aprovando os estatutos do novo clube, entre eles o que limitava a admissão de sócios e atletas aos italianos natos ou a seus descendentes diretos; a mensalidade, tanto para sócios quanto para atletas, era de 3 mil réis; e as cores seriam as da bandeira italiana: verde, branco e vermelho. Era uma noite chuvosa.
Nuno Savini, Domingos Spagnolo, Sílvio Pirani, Júlio Lazzarotti, Amleto Magnavacca, Henriqueto Pirani e João Ranieri faziam parte do grupo que teve a iniciativa de fundar o novo clube. Outros imigrantes ajudaram financeiramente.
A primeira diretoria foi eleita por aclamação, no mesmo dia. O presidente era Aurélio Noce e o vice Giuseppe Perona. Bruno Piancastelli, secretário; Aristóteles Lodi, tesoureiro; Domingos Spagnulo, João Ranieri e Antonio Pace, comissão de esportes.
O passaporte para confirmar sua presença na Liga Mineira de Desportos Terrestres foi a conquista de um torneio entre Ipiranga, último colocado da Primeira Divisão do ano anterior, 1920, e o Palmeiras, campeão da Segunda Divisão do mesmo ano. Foram duas vitórias - 2 a 1 em cima do Ipiranga e 3 a 2 no Palmeiras. O Palestra passou nos testes, e tempos depois, em 1928, iniciava a primeira campanha do tricampeonato até 1930. Os jogadores dessa época levantaram a bandeira de uma nação já apaixonada. As portas estavam abertas ao Cruzeiro Esporte Clube.
O clube não tinha onde treinar, pois o campo do Yale tinha sido desapropriado pelo governo estadual. Mas veio a mão do Atlético, que cedeu seu estádio. Em 1922, a diretoria gastou 50 contos e comprou o quarteirão do Barro Preto, onde passou a ser a sede urbana. Só em setembro de 1923 o Palestra inaugurou seu estádio, num empate de 3 a 3 com o Flamengo-RJ.
A cláusula no estatuto que só permitia sócios italianos ou seus descendentes fez o time cair de produção e ter um reduzido número de jogadores. A diretoria acabou com isso, dando chances a todos. O profissionalismo marrom, praticado no Rio e São Paulo, foi aderido pelo clube em 1928. Foram contratados Morgantino, Arnaldo, Morgantino Gutierrez e Osto, do São Paulo; Zezinho e Nereu, do Sírio, de BH. Com este time, o Palestra conquistou seu primeiro título mineiro.
Por causa da II Guerra Mundial, e do rompimento das relações diplomáticas do Brasil com os países do eixo (Itália, Alemanha e Japão), o nome teve de ser mudado para Sociedade Esportiva Palestra Mineiro.
Em 1942, o Brasil declarou guerra à Alemanha e à Itália, e os italianos de Belo Horizonte, a exemplo do que aconteceu em todo o país, ficaram em situação difícil e foram hostilizados. O então presidente do Palestra, Ennes Ciro Poni, por iniciativa própria, resolveu trocar o nome do clube para Ypiranga. A nova camisa tinha a cor vermelha com um Y no peito. Com o nome de Ypiranga, o time fez apenas um jogo, contra o Atlético-MG, pela última rodada do returno do Campeonato Mineiro, no dia 4 de outubro, no Estádio Juscelino Kubitschek. A equipe fez grande partida, mas parou nas defesas do goleiro Kafunga. O Galo venceu por 2 a 1 (Niginho fez o nosso gol). Três dias depois os conselheiros do Ypiranga desaprovaram o nome e decidiram, por unanimidade adotar o ‘Cruzeiro Esporte Clube’. A camisa deixou de ser tricolor e passou a ser azul celeste com branco, com escudo em formato circular, também azul, tendo ao centro a configuração da constelação do Cruzeiro do Sul.
Tivemos em Niginho, nas décadas de 20, 30 e 40, nosso primeiro grande craque. Como Palestra Itália, ganhou os títulos mineiros de 1928, 1929, 1930 e 1940. Já com os três primeiros anos com o nome de Cruzeiro, foi uma sensação no futebol mineiro, conquistando o tricampeonato de 1943 (primeiro a ser conquistado com o nome de Cruzeiro), 1944 e 1945. De acordo com os resultados do time, a torcida crescia e já ameaçava os outros concorrentes.
Com a torcida formada basicamente por italianos, o Cruzeiro só começou a crescer a partir da década de 60, quando o clube montou um dos maiores times de sua história (Tostão, Dirceu Lopes, Piazza, Zé Carlos, Evaldo, Natal, Raul e outros, designados ‘A geração de ouro da década de 60), e chegou a ser pentacampeão estadual (1965 a 1969), se tornou uma potência e arregimentou milhões de torcedores. Isso se deu principalmente em 1965, ano da inauguração do Mineirão, quando esse time fantástico, comandado por craques encantou os amantes do futebol, se tornando um dos mais gloriosos clubes do futebol mundial. Em 1966, conquistaram a Taça Brasil (antigo Campeonato Brasileiro), quando até vencera o Santos com Pelé & Cia por 6 a 2, e fecharam o ciclo com a participação na Libertadores no ano seguinte.
A partir daí, o Cruzeiro não parou de progredir. Na década de 70 montou outra grande equipe, com jogadores como Nelinho, Joãozinho, Roberto Batata, Palhinha, Jairzinho e ganhou a Copa Libertadores de 1976.
Outros grandes craques: Juvenal, Alcides, Procópio, Hilton Oliveira, Neco, Eduardo, Morais, Perfumo, Roberto César, Eli Mendes, Vanderlei, Darci Menezes, Lívio, Revétria.
Na década de 80 não fomos bem, mas tivemos ascensão devido a jogadores como Carlinhos, Edmar, Ademir, Tostão II, Douglas, Luiz Antonio, Zezinho Figueroa, Carlos Alberto Seixas, Gomes e outros.
Na década de 90 e início do novo século, o Cruzeiro mantém a escrita de crescer cada vez mais e conquista tantos títulos que até perdemos a conta. Na década de 90 conquistamos pelos menos 1 título por ano, e para não bastar o Cruzeiro foi aclamado o melhor time brasileiro da década de 90, pois a série de títulos que conquistou lhe deu esse direito. Merecem destaque: Charles, Paulão, Adilson, Paulo Roberto, Luiz Fernando, Célio Lúcio, Serginho, Belletti, Fabinho, Elivélton, Wilson Gottardo, Gilberto, Luizinho, Roberto Gaúcho, Renato Gaúcho, Ronaldinho, Nonato, Palhinha II, Dida, Fábio Júnior, Muller, Alex Alves, Marcelo Djian, João Carlos, Djair, Valdo, Evanílson, Donizete Oliveira, Cléber, Marcelo Ramos, Ricardinho, Geovanni, Sorín, Cris, Alex, Luisao, e outros.
No início do novo século sua estrela continua brilhando, Luisão se destaca rapidamente, e o time contrata grandes jogadores, como Paulo Miranda, Alex, Martinez, Deivid, Aristizábal, e outros.
Hoje, parece um sonho para os velhos torcedores, que vibravam com as jogadas de Niginho, Geraldo II, Abelardo, Rossi, Caeira, Emerson, e sofriam com a minoria palestrina e cruzeirense nos estádios, ver a torcida celeste lotar o Mineirão.
O Cruzeiro tem seu mando de campo no Estádio Magalhães Pinto, o Mineirão, com capacidade para mais de 100 mil torcedores, construído em 1965, onde impera desde então. O clube não tem estádio próprio.
O Cruzeiro possui uma das melhores concentrações do Brasil, inclusive já servindo de concentração para a seleção duas vezes (1982 e 1986): a Toca da Raposa, construída em 1967, por 50 milhões de cruzeiros. Em 1995 o Cruzeiro possuía duas sedes campestres, um parque aquático, entre outras propriedades, estando numa situação financeira e patrimonial comparável aos maiores clubes do mundo. E para não bastar, inaugurou, em 2002, a Toca da Raposa II, mais moderna e ampla, invejável para qualquer clube, onde o time profissional passou a treinar, ficando a Toca da Raposa para as categorias de base.
Diversos jogadores cruzeirenses serviram a Seleção, com destaque para Niginho (1.º mineiro na Seleção), Tostão, Natal, Zé Carlos, Dirceu Lopes, Piazza, Jairzinho, Nelinho, Joãozinho, Ronaldinho, Dida, Fábio Júnior, Edilson, Cris. Outros, por serem estrangeiros serviram à sua seleção natal: Viveros (Colômbia), Sorín (Argentina - Copa 2002).
Outros grandes jogadores passaram pelo Cruzeiro: Reinaldo (ex-Atlético-MG), Toninho Cerezzo, Éder (ex-Atlético-MG), Túlio, Ronaldo (ex-goleiro Corínthians), Bebeto (Mundial 1997), Donizete (Mundial 1997), Edmundo, Rincón, De la Cruz, Sotelo, Espínola, e outros – alguns brilharam.
Hoje, após tantos anos e muitas conquistas, o Cruzeiro é um dos maiores clubes do Brasil, e também um dos mais respeitados da América, e é dono de uma das maiores torcidas do Brasil. Suas conquistas se estenderão até o fim, pois para o glorioso ‘Cruzeiro’, a taça é o prêmio por mais uma conquista.
Endereço: Rua Guajajaras, 1722, Barro Preto, Belo Horizonte (MG), 30180-101.
Telefone: (031) 291-5200. Fax: (031) 291-6566 ou (031) 262-5184.
Uniforme base: Camisa azul, calção branco, meias brancas.
Marcas
Sem marcas.